Há uma busca desenfreada para acabar com a solidão, o efeito produzido pelas grandes cidades, há tempos atrás, e agora generalizado devido ao instrumento de comunicação em massa chamado Televisão. A grande causa é a criação dos filhos muito sozinhos, pois esta geração atual convive demasiadamente com a solidão.
Passam os dias trancados em casa, muitas vezes sozinhos, tendo por companhia a tela vendedora de ilusões, vão à escola, levadas e trazidas pelos pais, mas como já sabemos, esses pais estão alheios, estão centrados nos seus problemas, tanto financeiros, como profissionais. Se estão dirigindo precisam prestar atenção ao trânsito, não tem tempo para conversar com seus filhos, infelizmente. Estamos vivendo um caos. As revistas, a televisão, incentivam a fantasia, a saída da realidade, a busca pela satisfação no outro, sem resolver seus próprios problemas, e é isto que as pessoas estão fazendo hoje, indo em busca de algo que não existe, querem viver um relacionamento perfeito, mas e a educação que estão tendo hoje em dia? Elas são capazes de proporcionar um relacionamento saudável? O que se vê, atualmente, é sexo, é tirar proveito de situações, é a mulher se colocando como um objeto, e o homem também, na pornografia cada vez mais presente no dia a dia. Ouço as mães que tem filhos do sexo masculino dizerem, com orgulho, que percebem que eles só pensam em sexo, em arrumar uma namorada para transar. Agora, analisando toda a situação, se as moças e os rapazes não tem a mesma busca, como darem-se bem? Como manterem um relacionamento baseado em respeito? Se olharmos a situação à nossa volta é só isso que encontramos. Quase ninguém pensa em dar uma boa educação, tanto moral quanto espiritual, mostrar o respeito à outra pessoa, como ser humano, como espírito em evolução. Só o que está importando é o corpo físico. Quando os jovens começam a se dar conta de tudo isso, já deram boas cabeçadas e muitas vezes já prejudicaram outras pessoas com seus atos inconsequentes.
Em um dia à tarde, a televisão estava ligada e as minhas filhas estavam assistindo uma novela, sei que não fazem bem essas novelas, mas muitas vezes não há como proibir e cabe aos pais darem a devida orientação, mostrar que o que ali está é uma fantasia, que não é algo para se seguir mas que é preciso desde cedo usar o bom senso. Bem, em certa parte da novela, a menina enfrenta a mãe por causa do namorado, então a mãe perguntou se havia acontecido alguma coisa mais séria entre eles, a menina se revolta e diz que não aconteceu ainda, por ela não achar que fosse a hora, mas quando achasse aí aconteceria sim. Eu fiquei entristecida com essa cena. O que é ensinado para essas meninas? Pensei nas minhas filhas assistindo aquela aula de irresponsabilidade e me senti muito mal, e disse para mim mesma - como permito que isto aconteça? Por outro lado, como não permitir? Elas querem ser iguais as outras. Expliquei a ela uma série de coisas, mostrei que o que se mostra nas novelas não condiz com a realidade.
Às vezes me sinto impotente.
Seria interessante, alguns momentos, desligar a TV, ler algum livro, estudar, conversar, trocar ideias, contar o que se fez durante o dia, fazer um momento de descontração e de cumplicidade em família. Um momento onde cada um pode falar sobre o que tiver vontade e saberá que será ouvido e compreendido. Também seria bom se tivéssemos mais opções, quem sabe uma TV por assinatura, poderíamos escolher o nível dos programas, e assim não seria preciso assistir as baboseiras que colocam "goela abaixo" do telespectador, sem nenhum respeito. Mas é caro, e são coisas que vamos aprendendo a resolver, com calma, paciência. O que ainda percebo é que tenho que preparar melhor as meninas para o mundo, tenho como dever alertá-las. Hoje iremos à uma biblioteca, sei que elas adoram. Sinto falta de não existir uma biblioteca somente com livros espiritualistas, que tratassem o ser humano como um todo, seria bem melhor, pois seriam leituras mais educativas, mais corretas.
A família tem um papel muito importante, fazer com que os jovens sintam-se bem em casa, tendo sua individualidade respeitada, seus direitos, e não serem vistos como seres destituídos de inteligência. Seria muito melhor se esses jovens não precisassem sair de casa antes de amadurecerem. E quantos pais vemos por aí que parecem fazer questão que seus filhos saiam de casa, praticamente os expulsam para que amadureçam.
Concluindo, percebe-se que os jovens estão em busca de romance, partem em busca de encontrar alguém que os satisfaçam de alguma forma, que os completem, enfim, saem em busca de uma ilusão pois é a busca da satisfação no outro e isto tem a ver com a televisão, com livros de romances, com livros de anjos e etc. É só isso que os jovens que querem se afastar da solidão pensam, querem por toda força encontrar alguém que lhes faça companhia, satisfaça seus desejos, leia seus pensamentos e então partem para as festinhas, para as "badaladas" onde só se leva em conta a aparência física das pessoas e o dinheiro que possuem como se isto fizesse alguém feliz.
Um outro engano é pensar que existe uma fórmula mágica para espantar a solidão em que se encontram, e a impressão que se tem é que as coisas pioraram nos últimos tempos, onde as famílias são menos numerosas, onde não existem brincadeiras inocentes e o assunto mais comentado é: encontrar alguém para não se sentir só, mas o que muitos não sabem é que não é a presença de alguém ao lado, fisicamente falando, que afasta a solidão, mas o sentimento que temos dentro de nós mesmos. Como estamos espiritualmente, enfim nosso eu verdadeiro, distantes dos que nos amam por falta de sintonia e atados a desafetos por mútuos ressentimentos.