Certa vez, uma amiga minha sugeriu que fizéssemos uma “brincadeira” chamada por ela de “experiência do copo”, pois ela já havia participado várias vezes e nos garantiu que era muito bom e, segundo ela, ficaríamos sabendo de uma série de coisas que já haviam acontecido ou mesmo sobre o que ainda poderia acontecer. Ela tinha uma amiga que realizava a tal “experiência” e que não cobrava nada por isso.
Éramos várias pessoas no setor de trabalho, eu e mais algumas já tínhamos ouvido falar sobre isto e tínhamos muita curiosidade, eu nem parei para pensar, aceitei na hora. Fomos movidos pela curiosidade.
Reunimos mais algumas pessoas pois a moça disse-nos que seria bom que fosse um número maior de participantes, o que conforme ela, facilitaria a “experiência”. Falamos com algumas e todas as que foram convidadas aceitaram. Surgiu um problema: a definição do local. Ninguém queria fazer em casa, pois tínhamos um certo receio, mexer com esse “negócio” de espíritos não é algo muito normal, pensávamos, e além disso, tínhamos os familiares em casa que provavelmente não aceitariam. Acabamos combinando que nos reuniríamos no nosso próprio local de trabalho num sábado à tarde. Assim, no dia certo, foi-nos apresentada a moça, amiga da minha amiga, que coordenou a arrumação da mesa, colocou as letras do alfabeto e as palavras “SIM” e “NÃO” recortadas em papel e fixadas na mesa em forma de um círculo e um copo de vidro no centro da mesa. Nos sentamos em volta da mesa e demo-nos as mãos, ela fez uma oração em voz alta e pediu ajuda ao seu “guia”, pediu que “viesse” e nos respondesse às perguntas que seriam feitas naquele momento, então, a pedido dela, cada um de nós colocou seu dedo da mão direita no copo - eu pensei que iria sentir algo estranho ou coisa parecida - mas logo ela perguntou se havia “alguém” ali. Qual não foi a minha surpresa e o meu assombro quando o “copo” começou a se mexer. Era algo incrível. Foi diretamente na palavra “SIM”. Eu não tinha explicação para o que estava acontecendo, era impossível que somente uma pessoa houvesse forçado o copo a sair do lugar. Logo ela perguntou quem era. A resposta surgiu rapidamente formando o nome da “pessoa”. A moça que estava coordenando explicou que era o seu “guia” pois, segundo ela, não confiava em outra pessoa. Mal sabia ela, e eu também vim a saber muito tempo depois, que é muito fácil mentir para pessoas encarnadas. Ainda mais quando essas pessoas encarnadas permitem que isto aconteça.
Eu estava cada vez mais assustada, o copo se movia rapidamente, os nossos dedos mal tocavam o copo. Logo depois ela perguntou quais eram as próximas perguntas e que cada um de nós fizesse a sua indagação. Hoje eu percebo e analiso que espírito algum poderia ter todas as respostas para as nossas perguntas pois cada um tem seu livre-arbítrio e sendo assim, cabe a cada um de nós decidir o que fazer do seu futuro, mas foram surgindo perguntas e consequentemente respostas. Eu, naquela época, tinha muito medo de morrer, e perguntei quando é que isto iria acontecer. A coordenadora (vou chamar assim para facilitar a identificação) não permitiu que me fosse dada a resposta e pediu para que ninguém fizesse este tipo de pergunta pois o “guia” não estava preparado para revelar a data da morte das pessoas que ali estavam. Aí foram surgindo uma série de perguntas, coisas tolas, sem nenhuma importância. Apenas lembro que o rapaz que estava do meu lado perguntou se a mãe dele iria morrer, pois estava muito doente no hospital, a resposta foi não - no entanto pouco tempo depois ela morreu.
No meio da “reunião” surgiu outra “pessoa”, a moça pediu que o “guia” dela retornasse, mas pelas respostas ela julgou que “ele” não havia voltado e que seria melhor encerrar naquele momento. Eu não fazia idéia do quanto era perigoso o que estávamos fazendo e as consequências que poderiam surgir dessa “brincadeira”. Daquele dia em diante, muitas dúvidas surgiram em minha mente. O que aconteceu naquele dia? Como explicar a “conversa”? Onde estavam aquelas “pessoas” que eu não enxergava? Então não estávamos sozinhos? Haviam pessoas em nossa volta? Sabiam tudo o que fazíamos? Comecei a pensar muito nisso e queria descobrir o que havia acontecido. Minha avó era espírita, falava em guias, mas eu nunca havia presenciado nada assim tão real, tão perto. Depois de alguns dias, conversei com algumas das pessoas que haviam participado dessa experiência, mas ninguém via do mesmo ponto de vista que eu, ninguém tinha se preocupado com nada do que havia acontecido. Para eles, estava enterrado no passado, foi uma brincadeira e estava terminada. Para mim não era bem assim, precisava descobrir, senão tinha a impressão que ficaria louca.
Lembrei que havia visto alguns livros espíritas na Biblioteca Pública, eram de Allan Kardec. Fui até lá e peguei alguns, trouxe para casa e comecei a lê-los. Contei para minha mãe o que estava lendo e ela ficou apavorada, disse que era coisa ruim, que não devia ler esse tipo de coisa. Mas eu queria entender.
Os livros, ao contrário do que eu imaginei, me deixaram com mais questionamentos, mais dúvidas e, às vezes, chegava a sentir muito medo, principalmente por saber que haviam pessoas em minha volta e eu não as enxergava. Tinha medo que poderiam me fazer mal. Terminei de ler os livros, devolvi-os e falei para mim mesma que não pensaria mais nesse assunto, faria como os outros fizeram, deixaria isso de lado. Somente alguns anos depois teria contato novamente com livros espíritas, por intermédio desta mesma amiga que teve a ideia de fazer a “experiência do copo”.
Hoje sei que este assunto é muito sério, não é uma brincadeira e nem deve ser encarado como tal. Esta experiência, digamos assim, é algo muito real e pode trazer sérias consequências para os envolvidos pois a partir da invocação, do convite feito a um espírito, estamos deixando que ele se aproxime e que nos use para suas brincadeiras, más intenções e até mesmo vingança, se achando no direito de fazer o que quiser pois foi chamado para ficar no meio dessas pessoas desavisadas.
Na época em que participei dessa “experiência” não fazia a menor idéia do quanto era perigoso se expor às más influências de entidades arruaceiras e, muitas vezes, desejosas de fazer o mal simplesmente por não se acharem em condições de fazer o bem e, com isto, nós, que ainda habitamos um corpo físico, de carne, poderemos ser muito prejudicados.
A intenção deste pequeno texto é que sirva de alerta para qualquer pessoa que pense em participar de algo assim. Para que saibam que espíritos bons e trabalhadores não têm tempo para se dedicar a este tipo de coisa. Somente espíritos ignorantes, ociosos ou até mesmo dedicados ao mal, respondem a este tipo de invocação, pois vêem nisto uma chance de realizar seus propósitos, como por exemplo: induzir uma pessoa que use drogas, que fume, que beba para que satisfaça os seus desejos, pois como ele não tem mais um corpo físico e não tem como fazer tais coisas, pode induzir outra pessoa e assim ter o prazer através do outro, por meio dos fluidos vitais, retirando o que precisa para se manter perambulando em um plano ao qual não mais pertencem.